13 de mai. de 2010

Páginas viradas mas não descartadas do meu folhetim

Eu já perdi tanta gente querida que acho que conheço mais gente pro lado de lá do que de cá. Acabei criando uma casca e tenho da morte uma visão um pouco dura. Sempre digo que morrer, além de ser um mal inevitável é apenas uma questão de tempo e que é bom morrer porque é sinal de que se nasceu e viveu. Tenho, no entanto, uma enorme dificuldade em me despedir de hábitos, lugares e situações.

Durante quase cinco anos trabalhei na Subprefeitura da Sé, ela continua lá, muitos amigos que fiz também continuam, posso ir à hora que quiser. Essa semana tinha combinado de almoçar com meu ex “companheiro de repartição” mas não consegui. Depois de cinco anos de convivência diária, nem sempre fácil, mas sempre carregada de admiração e afeto, agora o Paulinho deixa a sub. Um almoço, sabendo que era o último naquele lugar, ia doer, não tive coragem e dei o cano. Sinto que hoje uma etapa da minha vida acabou, qualquer dia eu conto como foram esses anos, das minhas brigas com o Paulinho, e da nossa paixão pela cidade. Hoje vou mostrar um pouquinho dele nesse e-mail que acabo de receber, vejam se eu não tenho razão, é um ranzinza muito querido:

Depois de cinco anos trabalhando na assessoria de gabinete da Subprefeitura da Sé parto para um novo desafio junto à Secretaria de Cultura do Estado. Saibam que levarei junto dos meus pertences o apoio, carinho e respeito com que me trataram durante esses anos que me reforçaram ainda mais o valor da amizade, a compaixão e o amor ao próximo. Sinto-me um pouco frustrado por não termos atingido o ideal pretendido mas a parceria na luta por sua busca valeu por todos os esforços pois neles estavam inseridos o respeito pela cidadania e civilidade. Agradeço muito a todos e a Deus por ter nos colocado nesta missão e peço que Ele continue sempre iluminando nossos caminhos. Muito obrigado. Abração.
Deixo com vocês um pouco da sabedoria do grande escritor português Fernando Pessoa:
"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares.É o tempo da travessia e,se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."

O Paulinho,  chiquérrimo como é,  aposto que vai fazer uma revolução nesse novo guarda roupa.
Almoçamos na Sala São Paulo semana que vem?
Na hora de sempre?
 Estou passando pra pegar a Egle.
beijo

6 comentários:

Nonô Capote Valente disse...

Difícil mesmo trocar "nossas roupas", mas necessário nesse nosso aprendizado terrestre

Fernanda Anhaia Mello disse...

Maravilha de texto...
E é sempre gartificante trocar de roupa.... pricipalmente pra melhor. A Secretaria de Cultura sai ganhando.

bjks

Arquitetando a vida disse...

Eu ontem falei mais ou menos isso para uma prima.

O bom Pituca é que o Paulinho está vivo e tem uma amiga como você.
bjks

cely mcnaughton disse...

O Paulino é chique, sim. Mas esse texto é super chique!!!

Vladimir Navazinas disse...

Nao tem mais almoço...Você saiu. Agora o Paulinho. Foi muito bom.
Beijo Vlad

Carolina Flauzino disse...

Em todas as "despedidas" que acontecem na Sub neste tempo que estou lá, me faço o mesmo questionamento: Por que será que apenas as pessoas especiais entram e saem assim tão depressa das nossas vidas?
Deve ser para que a gente possa sentir e demonstrar esse valor e carinho imensurável que tem cada um de vocês,além de poder doar um pouco de nós e ficar com aquela coisa boa da pessoa.
Não me canso em repetir: Vocês são únicos e pra sempre!
Beijos com saudade, da Carol!