28 de nov. de 2010

Já estou com saudade

Faz 22 dias que cheguei nesse lugar que, longe de ser uma tortura pela falta de comida, é uma delícia. Aqui a gente tem a sensacão de estar numa ilha da fantasia, somos cuidados, paparicados e ninguém tem vergonha de contar seu peso, sempre há um gordinho maior que a gente. No meio da semana passada eu fiquei com vontade de ir embora, saudades da minha família, da minha casa e das minhas amigas. Aguentei firme, apesar da dor na coluna que me impediu de fazer exercícios e talvez por isso tenha empacado meu peso. Agora estou quase indo, o domingo está acabando, hora de arrumar a mala e comecar a sentir saudade daqui.
beijos
p.s emagreci 5 kg. Mais uns 6 meses aqui fico nos trinques.

Fotos

































23 de nov. de 2010

Sapos e papos

Já faz tento tempo que vim para o SPA que tenho a sensação de ter arrumado meus armários no século passado e de ter trabalhado numa campanhano no retrasado. Os dias aqui são lentos, não por falta de atividades, mas por estar desde 6a feira com uma dor chatíssima na coluna, preciso ficar em repouso. Só faco as aulas de hidroginastica e leio. No meu quarto não tenho internet e nem TV a cabo, ainda bem! Não vejo.A televisão aberta é tão ruim que é impossível assistir. A solidão que não me assusta,até me atrai, ontem veio chegando de mansinho e, junto com ela ,uma chuva torrencial. Fiquei o dia todo no meu quarto, fechada com medo dos sapos e pererecas que aqui são muitos. Esse pavor irracional que eu sinto, me isola e me faz pensar: porque ter esse medo do que sei ser inofensivo? Eu fui criada numa fazenda, onde comeca esse medo?
Vem de onde a minha memória racionalmente não poderia se lembrar - eu teria não mais que 3 ou 4 anos,ainda no casão da Usina Esmeralda, a inesquecível e querida Babá me dando banho no único e enorme banheiro daquela casa onde moramos enquanto o Chalé não ficava pronto. Embaixo de um deque ou estrado no chuveiro, pula uma rã. Ainda escuto os gritos da Babá que tinha tal pavor desse bichinho que até uma ranzinha de metal dourado que a Vovó tinha, ela não olhava e muito menos polia. Alguns anos mais tarde, já na nossa casa,ainda na Esmeralda, uma rã entra no meu pijama, aquela horrivel sensação gelada, meu pai e Duduca caçoando de mim. Como, só agora, cincoenta e tantos anos depois,essa imagem me volta tão nitidamente? Deve ser o tal subconciente que 'as vezes me deixa meio " blue'' e me faz lembrar poesias. Procurando no google uma do Fernado Pessoa que fala alguma coisa como "hoje o dia deu em cinzento" dou de cara com essa que colo aqui. Acho que preciso jogar no bicho urgentemente:



Todas as cousas que há neste mundo


Têm uma história,


Excepto estas rãs que coaxam no fundo


Da minha memória.
Qualquer lugar neste mundo tem


Um onde estar,


Salvo este charco de onde me vem


Esse coaxar.
Ergue-se em mim uma lua falsa


Sobre juncais,E o charco emerge, que o luar realça


Menos e mais.
Onde, em que vida, de que maneira


Fui o que lembro


Por este coaxar das rãs na esteira


Do que deslembro?
Nada.


Um silêncio entre jucos dorme.

Coaxam ao fim

De uma alma antiga que tenho enorme
As rãs sem mim.

14 de nov. de 2010

Vale a pena?


Vale a pena? claro que vale.
Emagrecer
sempre é bom e aqui a gente ainda tem o bônus das novas e queridas amizades, das risadas e do sol que hoje iluminou uma região deslumbrante.
Para celebrar, aqui vai o "Mar Português":

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

13 de nov. de 2010

Que decepção!!!

Ontem eu disse uma frase de uma poesia que a tia Vera Rudge recitava. Todas as vezes que ouço ou leio a palavra "coragem", me lembro dela e, impossível ler ou falar de poesia sem lembrar do meu pai. Não se pode numa vida esquecer a emoção de escutar ele recitando o Navio Negreiro ou Cyrano de Berjerac. Toda vez que alguém fala que estou bem vestida eu respondo como meu pai: "só no moral se vê minha elegância, vestir-me não sei nem dou para casquilho". Bem que ele tentou me fazer decorar alguma coisa, mas, nunca conseguiu. O Juca e Gogó, que judiação, recitavam trechos dos Lusíadas. Ainda bem que era em casa, nunca foram exibidos em público, que eu me lembre. E de poesia em poesia, prolixa que sou, me lembrei de uma cena das mais antigas, de quando eu comecei a ser alfabetizada. Estava no quartão das crianças no chalé, nossa casa na Usina Esmeralda, embaixo da janela que até hoje ainda enxergo nitidamente,lendo um livro desses de memórias que a gente ganha quando aprende a escrever. Era do Juca, ele ganhou da Vovó, tinha uma capa imitando tartaruga. Nele meu pai escreveu:"Meu filho, quero que você cresça livre como o vento e forte como a palmeira". Foi a coisa mais bonita que eu já tinha lido nos meus 7 ou 8 anos, talvez tenha sido na minha vida inteira para ter ficado gravado tão nitidamente na minha memória afetiva.Deus!Como admirei meu pai!
Anos depois, já morando em São Paulo, lendo Menotti del Pichia, vejo esta frase numa poesia - que decepção, eu que podia jurar que era da lavra(como ele dizia) do meu pai. Claro que fui tomar satisfação e escuto ainda hoje, com um nó na garganta, a gargalhada dele. Procurei e procurei no Google e não achei a poesia para postar aqui, liguei para minha mãe perguntando e ela ficou de me falar quando se lembrar. Como tenho surucutico e minha bateria está acabando, fico devendo.
beijos
P.S. vou pra aula de hidro agora

12 de nov. de 2010

Ainda no Spa

Véspera de feriado, pessoas chegando, -50 hóspedes novos são esperados. Tomara que o SPA consiga atender todo mundo sem muito estress. Essa semana nós éramos por volta de 30, um número bem bom de pessoas, dá pra decorar o nome de todo mundo, isto é, dar dá, basta não ser esclerosada. Agora, dia de só tomar líquido, acabo de voltar de uma aula de hidroginástica, a segunda do dia. Ai que canseira! Depois de muito reclamar, consegui que abaixassem a temperatura da água e como o dia, desde ontem está meio feio, hoje todo mundo fugiu da aula. Não sei se foi por isso, mas que preguiça! Aquela piscina vazia, socorro! Deu vontade de sair de fininho. Mas, como sou uma maníaca obsessiva compulsiva e estou no maior pique enfrentei uma aula de circuito. Éramos quatro, eu, Nara, Rafa e Paulo. Eu que me gabo de ser um bólido fiz o maior fiasco, a cada exercício a gente tinha que atravessar a piscina correndo para fazer o seguinte do outro lado, atravessar 12,5 metros junto com esses três, quase me matou. A Nara é baixinha, mas que preparo! Nos primeiros 20 minutos ela já me deixava pra trás. A Rafaela acho que tem um motor na ré, na segunda passada ela já estava do outro lado e o Paulo, pra não fazer feio, disputava pau a pau com ela e, vocês sabem: homem é mais resistente, ainda mais quando se é jovem. Que ódio que me dá ver a facilidade que eles emagrecem fazendo a metade do que eu faço. “Mas como disse o poeta – ‘A vida é luta renhida que aos fracos abate e aos fortes só pode exaltar” , força pra todos nós.
beijos

8 de nov. de 2010

Diario de uma gorda- parte 2

Quem falou que o nosso corpo tem memória muscular mentiu. Ou então é verdade,mas a minha tá com alzheimer. Morta de saudades das minhas amiguinhas da hidro das 19 hs, ontem de manhã enfrentei uma aula de uma hora, quase morri. Fiquei tão prostrada que não consegui fazer a aula da tarde. Só uma meia horinha de esteira e bicicleta e uma aula de alongamento para encerrar o dia. Domingo é um dia lerdo em qualquer lugar do mundo, até aqui onde todos os dias tem cara de feriado.Aproveitei a lezeira geral pra dar uma descansada e hoje começar mais animada. E, adivinhem - arreguei. Mudei para 600 calorias. Para compensar fui jogar o que iamginei ser polo aquático, já querendo desafiar o Guga Chacra, descubro que era volei. Ai ai, imaginem só, nunca tinha jogado. Uma adolescente obesa, tem vergonha e não é convidada. Mas,como tudo na vida tem seu outro lado, hoje não só descobri e gostei, como fiquei amiga de uma porção de jovens. Aqui 99,8% das pessoas estão na faixa dos 30 e nenhum precisa emagrecer muito.Acabado esse jogo, engatei uma aula de hidroginastica e aguentei bem.
Agora, depois de um lauto almoço, estou indo para mais uma hidroginastica depois academia Acabo o dia com uma aula de localizada. Aqui ou a gente se ocupa o dia todo ou então, passa fome mesmo. Começou a aula, tou indo.
beijos

7 de nov. de 2010

Diario de uma gorda, parte 1

Faz 24 horas que cheguei e já estou quase fazendo o que o Andre disse ser um perigo: eu querer fazer churrasco da Lua, a cachorrinha maltes da Cristina, minha amiga e sempre companheira de SPA . Estou adorando o lugar, a Isabel que está chegando para dividir o quarto comigo que descobriu. É de bom gosto, cheio de cantinhos Zen, com tatames almofadas e véus- ainda não estreei, fico meio com nojo de dormir e enfiar a cara numa almofada estranha.Tsc....coisas de Luis Augusto que assimilei. Ontem logo depois de guardar bagagem, maior do que a que minha mãe levava pra férias de um mês em Itanhaem com 7 filhos, fui fazer uma aula de Yoga e depois bicicleta. Socorro!!! em 10 minutos eu já estava de lingua de fora. E pensar que eu fazia 12 km em meia hora. Quase não tive coragem de subir para o jantar, não sei se é defeito ou não, mas aqui é uma piambeira só, o que nos obriga a subir muitas escadas. Jantamos e, cama!!!nem liguei meu computador, aliás, vou tirar férias dele, depois dessa maratona de 8 horas na frente de uma tela fiquei com trauma. Hoje ja fiz aula de hidro, bicicleta esteira e 300 calorias. Daqui a pouco, se não cair morta, vou comecar tudo de novo.
beijos

5 de nov. de 2010

Sua gorda!!!!

Hoje a “Folha de São Paulo” dá com destaque na primeira página uma matéria sobre a discriminação aos gordos. Ai, que matéria esquentada! Desde que o mundo é mundo isso acontece, a diferença é que agora os gordos não fazem mais parte de uma minoria como até alguns anos atrás. Hoje a população obesa aumentou, e muito. Nos parques de Orlando é de impressionar. Mas aqui, no meu pequeno círculo, ainda, graças a Deus, somos minoria. Eu sofri muito a minha vida inteira com meu excesso de peso, e, claro, sofri bullying e tudo mais.
Por volta dos 20 anos deixei de ser uma obesuda para ser uma gordota. De lá pra cá a minha briga com a balança, excluindo - socorro!!! - o período de gravidez, sempre por volta de no máximo 6 a 8 kg. Antes de fazer 50 anos fiz um regime para perder esses kg a mais e, mudei de década muito bem para os meus parâmetros. Isso não durou muito, quando eu parei de fumar, em fevereiro, tive a capacidade de engordar 15 kg em 45 dias - fazendo ginástica como uma louca, (acho que eu sou a única gorda que adora salada e ginástica). Eu ia para o club cedinho e ficava até a hora do almoço na sala de musculação. Chegava em casa suadíssima, tomava banho, almoçava e, ai que vontade de fumar. Voltava para o club e ficava até a noitinha correndo na esteira, pedalando, até pular corda eu ensaiei. Claro que eu ficava exausta mas antes de dar a partida no carro já queria um cigarrinho, o jeito era parar no Pão de Açúcar e comprar todas as bobagens possíveis. Eu achava, burramente, que se eu em 12 dias tinha parado com a coisa que meu organismo pedia desesperadamente, emagrecer seria bico, afinal, pelo menos 3 vezes na vida emagreci 30 kg, 15, moleza! Doce e cândida ilusão, moleza que nada, até hoje, passados 8 anos, eu continuo com pelo menos 8 a 10 a mais. Isso até meados da campanha quando eu parei de almoçar, só comia porcarias - o mais razoável que eu comia era uma xícara de café com leite e um sanduíche de queijo quente, numa lanchonete do comitê. Quando, há uns 45 dias, nem tempo para ir lá eu tinha, eram dúzias e dúzias de queijadinhas e/ou biscoito de polvilho. Isso sem contar os alfajores que o meu querido Joel me levava quase todos os dias. Resumo da ópera: parei de me pesar, e estourei todos os limites.Para tentar voltar ao convívio social, amanhã me interno num spa por 20 dias no mínimo. Não vejo a hora.

Mas ainda tem uma coisa que eu quero contar, sofri o tão na moda bullying quando eu era menina que hoje já não ligo tanto. Volta e meia um anônimo posta comentários no meu blog me chamando de senhora obesa, uma vez essa mesma pessoa disse que eu era louca por causa das anfetaminas que tomei na vida, sei lá, pode até ser, mas eu só consegui emagrecer no dia que percebi que a minha gordura vinha do meu DNA, que é meu maior orgulho. Herdei do meu pai esse gene chatinho que judia de sobrinhos e primos mas que faz da gente parecidos com meu pai, não só no tamanho mas também nas qualidades. E não há magreza no mundo que eu troque por essa herança que me trouxe de contrapeso um nariz meio arrebitado, igual ao dele e só dos gordos da família.