23 de fev. de 2012

Uai??? Não! é Uau!!!


Preciso dar um tempo nas minhas lembranças da Campanha FHC de 1994 para falar do meu carnaval. Eu sou prolixa, já deu pra notar, pulo de um assunto a outro sem nem respirar, mas como já falei aqui,quando voltei de Brasília, sou perdida e desvairadamente apaixonada pela obra do Niemeyer e queria muito conhecer o Complexo da Pampulha.  Nesse ano que passou, no embalo das Minas Gerais,ouvi e li muita coisa sobre Inhotim
 www.inhotim.org.br e, de tanta vontade e de tanto falar,ganhei de Natal da minha querida Isabel uma viagem para lá. Fomos nós três para a casa do nosso – na verdade do Luis Augusto, sobrinho Eduardo e Laila. Que delícia inenarrável, uma casa divina num lugar encantado e uma família esplêndida. Junto com a Bia e Leo, sobrinhos netos de quem já estou morta de saudade,eles foram os melhores companheiros e anfitriões que já pude ter.  A cidade de Belo Horizonte nunca me seduziu, apesar das ótimas lembranças que o tio Helio Surerus me proporcionou - ainda vejo um pôster enorme de uma mineradora, acho que a Manesman, onde ele trabalhou. Mas eu estava redondamente enganada, longe de ser sem graça, a cidade é linda de capotar, as ruas enormes e super arborizadas tem uma arquitetura bacanérrima, aquela praga neoclássica que infestou São Paulo, não passou por lá. Esses mineiros trabalham em silencio mesmo, tem uma cidade deslumbrante e não contam pra ninguém. Difícil vai ser esconderem Inhotim por muito tempo. Sem sombra de dúvida  é o lugar mais lindo que já vi. Começando pelo piso, nunca vi pedras tão lindamente cortadas e assentadas, são de um tamanho gigantesco. O jardim, nem Monet poderia sonhar igual. Não entendo como um país como o nosso, tão rico e tão belo, pode prescindir da exuberância tropical que Burle Marx tão bem traduziu para fazer cópias mal feitas de jardins europeus. Fico aqui pensando na sorte que foi o encontro desse grande arquiteto e paisagista com o industrial, minerador e acima de tudo sonhador, Bernardo da Paz para  realizar  esta obra que é o maior museu a céu aberto do mundo.As obras de arte, e as instalações, confesso, não me emocionaram. Não quero ser impermeável, mas eu que amo arte moderna, ainda não assimilei a contemporânea, tenham paciência comigo, afinal, dizem que eu sou velha. Mas, a arquitetura! ai a arquitetura!  Como é bela, como é grandiosa e como é simples ao mesmo tempo. Que privilégio ter a companhia da minha filha arquiteta para me mostrar detalhes que sozinha eu não saberia ver. Preciso voltar lá urgentemente, preciso saber se foi verdade toda aquela beleza ou se foi um sonho do qual não acordei ainda.























11 de fev. de 2012

Levante as Mãos


Enquanto na Rua dos Ingleses, escritório político do então Ministro Fernando Henrique,um grupo de intelectuais e amigos se reunia sob o comando de Ruth Cardoso e Miguel Reali Jr, Gilda Portugal  Gouvea, já na ativa, procurava uma casa para o comitê. Procura que procura, acabou batendo o martelo numa casa muito boa numa rua desconhecida chamada Carpina. Tinha a desvantagem de ser num lugar elitista - começava  numa pracinha na Av. Lineu de Paula Machado, rua do Jockey Club de São Paulo e longe de grandes corredores e do metrô. A vantagem:- era enorme, bem conservada e, melhor de tudo, de graça. No dia que tomamos posse, lá estava eu, “convocada” pela Maria Helena Gregori para arregaçar as mangas. Foi nesse dia  que conheci meus fiéis escudeiros, Manuel Novais e Wolmir Mattos. Nós três nos especializamos em campanha: Mané com um rolinho de tinta dando um tapa na sala que seria do Miguel, e Wolmir, ''faz tudo"rabugento e mal-humorado, fazia de tudo mesmo, até subir no telhado comigo para pregar uma faixa. Em seguida, começaram a chegar na casa os antigos e fiéis amigos da Gilda, o Go, Guilheme Magalhães,a saudosa Leide Câmera, Mimi Soffer, Carlos Novaes, pai do Mané,os  antigos e fiéis da equipe do candidato, Barrica e a  Quim, Maria Quinteiro e Eduardo Graziano, irmão do Xico. Basicamente fomos os primeiros a chegar, devo estar esquecendo muita gente, em três dias já éramos um batalhão. A casa, apesar de bem conservada, estava fechada há muito tempo e era um verdadeiro ninho de pernilongos. Nesse primeiro dia, a infernal nuvem desses irritantes insetos era tão grande que mal conseguimos nos reunir em volta de uma mesa de jantar deixada pelo dono da casa que nos serviu para reuniões e mais tarde como mesa de trabalho para envelopar correspondência, receber pessoas e inscrições. Dedetização feita, a limpeza contratada, a fiação para telefones  ampliada e revisada, e, uma novidade -computadores-, era hora de mobiliar a casa. Mesas,estantes, escrivaninhas e cadeiras providenciadas, fomos enfeitar a casa, Maria Helena Gregori trouxe sofás, quadros, gravuras e a linda  mesa de sala de jantar  da recém desmanchada  casa da mãe dela, minha querida tia Suzana Fonseca. A biblioteca com sua bonita boiserie, ficou chiquérrima, seria a sala do candidato, mas acabou sendo ocupada pela gente mesmo, especialmente Gilda e Maria Helena com suas famosas listas. No dia da inauguração da casa que nós brincávamos chamando de ‘’Casa de Programa’’, levei até tapete persa da minha casa para receber Fernando Henrique. Me lembro de ficar fazendo sala para o ex-prefeito Figueiredo Ferraz que morreria na mesma semana. A  inauguração, apesar de florida e enfeitada, não foi um dia de festa, foi de trabalho mesmo. Naquele dia conheci o meu querido Neco Sobral e o Andrea Calabi, com quem trabalhei na campanha da reeleição em 1998. As pessoas chegavam, preenchiam uma ficha com seus dados escolhendo de qual grupo de trabalho queriam fazer parte. Houve uma breve fala, e, mãos à obra, os grupos começaram a funcionar naquela mesma noite. Eram vários, não sei se vou me lembrar de todos, o Desenvolvimento era coordenado pelo Calabi e se subdividia em vários grupos menores, Energia, do Pedro Jens e Silvio Aleixo, Transportes com o Thomaz Aquino,  Agricultura com Guilherme Souza Dias, Comércio Exterior, Ciência e Tecnologia entre outros.O grupo da Educação era coordenado pela Eunice Durhan e nele foram incansáveis a Maria Helena Castro e a Yara Prado. Lourdes Sola comandava Parceria Estado Comunidade com diversas subdivisões como Negros, Mulheres, Cultura,  Pobreza e Fome, Crianças e Adolescentes, 3ª Idade e outras mais. A Reforma de Estado  com  Previdência  Social, Privatização, Reforma Fiscal era comandada pela Maria Hermínia Tavares de Almeida.  Saúde, não me lembro quem coordenava, eram tantos medalhões que fica difícil nominar, pra não cometer injustiça, não falo de ninguém. Aliás, foram tantos medalhões, tantos artistas e tantos intelectuais, os maiores que pude sonhar conhecer, que  de tão comovida preciso me beliscar pra ter certeza de que era eu mesma. As lembranças estão voltando tão fortes que acho que vocês já cansaram.  Pra descansar deixo o link do primeiro programa de TV e a música “Levanta a Mão”. Amanhã eu conto mais.

http://www.youtube.com/watch?v=R4k-u8GbmUk&feature=player_detailpage




   


9 de fev. de 2012

Mãos à obra Brasil

Estive ontem com a Gilda Portugal Gouvêa, que elogiou muito o meu blog dizendo que eu escrevo bem - logo eu, que nunca sei pôr as vírgulas no lugar certo, mas, como professora é professora, não vou discutir com ela, vou é fazer um curso de português para ex-alunos no INDAC, escola que as pessoas julgam mal, por não imaginar a qualidade dos professores que tivemos  a sorte  de ter. Nessa gostosa conversa com a Gilda, Yara Prado e outras pessoas da equipe do Ministro da Educação, Paulo Renato de Sousa, relembramos os velhos tempos de quando nos conhecemos  naquele privilégio imenso que foi a campanha presidencial de 1994 quando Fernando Henrique Cardoso foi eleito no 1º turno. Eu aqui só falo de campanhas e do meu clube, mas como esse blog é lido só por quem tem paciência e gosta de mim, acabo sendo superconfessional e repetitiva. Agora, com o aval da ministra, vou contar  as coisas de que me lembro daquela época inesquecível. Vou contando, sem ordem cronológica e com a permissão da minha memória já tão esclerosada.
A campanha em São Paulo começa em meados de maio de 1994, tenho certeza disso porque meu pai faria 70 anos no dia 10 de junho e prometi entrar de cabeça só depois dessa data porque eu estava envolvida com a festa. Numa manhã bem cedo, resfriadíssima e com febre, atendo a um telefonema importantíssimo, era o Miguel Reali Junior, de partida para Contagem, em Minas Gerais. Lá aconteceria  a nossa convenção que homologaria o nome do candidato. Ele me convidava para trabalhar na campanha _ele tinha sido convidado pelo Sergio Motta para ser o Coordenador do Programa de Governo em São Paulo e queria que eu fosse a secretária.  Tão troncha eu estava naquela manhã, que agradeci muito, mas recusei porque já tinha assumido o compromisso de trabalhar na campanha de José Serra para o Senado.  Nem bem desliguei o telefone, me bate um arrependimento atroz, eu tinha sido convidada para trabalhar na campanha presidencial e o candidato era o Fernando Henrique! E eu agradeço e recuso - que idiota!!!! O pior é que naquela época não existia telefone celular, tive que esperar a volta dele para telefonar e aceitar.  Na mesma semana, minha tia Maria Helena Gregori já estava a mil por hora organizando os primeiros passos. Minha primeira missão foi ir buscar assinaturas para um manifesto de desagravo ao nosso candidato por causa de um artigo na `Folha de São Paulo` escrito pelo físico Rogério Cesar Cerqueira Leite. Me lembro que a primeira assinatura que fui buscar  foi no consultório de um médico que não consigo me lembrar o nome, em Higienópolis. Manisfesto feito e publicado, começaram as  reuniões  no escritório político do candidato na rua dos Ingleses. Eu que convocava as pessoas por telefone, minha especialidade, tanto que, quando ganhamos a eleição, brinquei dizendo que queria um emprego na Telesp. É impossível descrever a emoção dessas primeiras reuniões organizadas e conduzidas pela Ruth Cardoso, onde foram chamadas as pessoas mais próximas dos Cardoso - Lourdes Sola, Maria Hermínia Tavares de Almeida, Juarez Brandão Lopes, Eunice Durhan, Boris Fausto e Celina, Milton Santos, Leôncio Martins Rodrigues e muitos outros que, nessas primeiras reuniões delinearam o esqueleto do que viria ser a proposta de governo que foi chamada de “Mãos à Obra Brasil”. Não posso esquecer de falar da Maria Helena Gregori, David Zilberstajn, Miguel Reali Junior e a Gilda Portugal Gouvea,  que era a Secretaria Executiva da campanha em São Paulo. Pensando que no livro `Mãos à Obra` encontraria os nomes desses colaboradores, fui pegá-lo. Pena que não tem,e, que pena que eu ,há alguns anos atrás, com dor no coração, por total falta de espaço na minha casa, joguei fora todos os papéis que tinha dessa época. No rescaldo da campanha, guardei, além das listas de presença e dos manifestos, recadinhos e papeizinhos bobos, isto me ajudou a montar um mailing que me fez importantíssima, toda hora me ligava algum figurão pra saber se eu tinha o telefone de fulano ou beltrano, nessa hora me sentia a própria ministra da Casa Civil fazendo as nomeações, hahaha! Pra não ficar muito cansativo, deixo pra amanhã a história da procura, reforma e inauguração da casa da rua Carpina, o nosso comitê.