26 de jun. de 2010

Saramago e Santana Filho

Faz tanto tempo que não escrevo e não foi por falta de novidades na minha vida. Socorro!! Que frase mais metida!! Se eu lesse isso de alguém ia pensar-quem falou que há interesse? Então, não vou falar de mim, vou falar de Saramago (hehe relendo, vejo que não consigo deixar minha modéstia aflorar) Tanto se escreveu sobre ele que, eu não vou ser mais metida ainda do que sou, para ousar também. Falo só da minha ignorância e frustração por nunca ter lido nada desse grande escritor. Em janeiro de 1995, depois de um ano marcante na minha vida, a eleição de Fernando Henrique, onde trabalhei por meses e meses ficando com minha leitura super defasada, minha avó teve um AVC. Eu sempre fui ligadíssima a ela e, por morar pertinho, fui muito presente nos seus últimos anos de vida, também pela facilidade de ter um marido e filhos muito solidários. Naqueles dias, ela ficou internada no Hospital Sírio Libanês e era eu que dormia com ela. Fazia um calor insuportável, o quarto era na ala velha, ainda sem ar condicionado, nenhuma de nós conseguia dormir. Numa das noites, levei um livro que meu filho tinha lido na escola, naquele seu último semestre antes do vestibular. Era o Memorial do Convento do Saramago. Ainda vejo a capa do livro, a camisola que eu usava e, com uma saudade imensa, minha avó numa aflição terrível, prenúncio talvez de um Alzheimer que lhe tirou a alegria dos seus últimos anos de vida. É muito triste para mim reviver essas memórias, fico por aqui hoje. Não consegui ler o livro, achei chatíssimo e, por preconceito, nunca mais li nada dele. Vou consertar isso agora, aposto que não vou gostar tanto como gosto das crônicas do Santana Filho http://cronicasereflexoes.wordpress.com/ , leitor do meu blog, que não conheço pessoalmente mas  que me dá a honra elogiar as bobagens que escrevo.


Beijos

17 de jun. de 2010

No atelier de Nonô Capote Valente


Conheço a Nonô Capote Valente faz uns 40 anos, já era amiga da mãe, Thais Vaz e da irmã, Vera. AGuga era muito criança, não me lembro direito. Convivemos bastante lá pelo começo dos anos 1970 e depois, por aí- nos esbarrávamos de vez em quando. Acho que na verdade eu mais sabia da carreira e da vida dela pela Thais que eu encontrava toda hora no clube, do que ter uma convivência constante. Me lembro muitíssimo bem na 2ª Casa Cor que eu trabalhei como voluntária da ASA http://www.asa-santoagostinho.org.br/ , do quarto de bebê feito por ela. Sei até hoje, exatamente como era, foi nele que vi pela primeira vez um tapete kilin indiano, aqueles com desenhos geométricos em tons pastel sobre um fundo branco. Era um quarto lindo e inesquecível como a maioria dos ambientes daquele inicio de Casa Cor,tão diferente de hoje. E assim foi, fui acompanhando a carreira dela pelas revistas de decoração e tendo dela algumas notícias esparsas. Quando meu irmão morreu, no Natal de 2002, muita gente viajava, a Nonô também, mas na missa de 30º dia ela lá estava e eu jamais esquecerei disso. Para falar a verdade, nem sabia que eles se conheciam - ela foi por causa dele, ainda preciso perguntar como foi essa amizade que deve ter sido bacana porque para mim foi marcante vê-la naquela igreja. Há alguns anos atrás, um amigo comum nos causou preocupação e ela me chama no MSN, pede meu telefone e me liga para saber notícias e oferecer solidariedade à família que era muito próxima a mim. Ultimamente vejo a Nonô todo dia no delicioso mundo do Facebook e tive a alegria de saber que ela continua artista. Designer bacanérrima, faz as mais lindas caixas de memórias, quadros, caixinha de cartões, scrapping book digital, álbuns de fotos, gavetas de CDs, lembrancinhas de casamento, de maternidade, de batizado, convites de festas, convites digitais, tudo o que se sonhar em artes ela faz . É só escrever para  nonisdesigner@uol.com.br ,mas antes vejam o blog  nonisdesigner.blogspot.com as fotos que aqui posto não ficaram muito boas, foi só pra dar o gostinho.
Beijos
P.S Sou absolutamnete incapaz de arrumar e alinhar  fotografia, como o Quim, meu administrador de blog está off line, posto assim mesmo.

15 de jun. de 2010

A copa do mundo é nossa!

Essa semana li um artigo primoroso da Maria Rita Kiehl no Estadão falando sobre Copa do Mundo. Pena que ainda não sei linkar aqui para poder dividir com vocês. Ela fala das copas na vida dela, e, como somos da mesmíssima geração, as suas lembranças mais remotas são iguais às minhas. Para mim, quando muito pequena, são um pouco mais difusas, eu morava na fazenda e não me lembro de ninguém parar de trabalhar para escutar o jogo, muito menos meu pai, e, minha mãe, com aquele monte de filhos, acho que nem ligava. A maior lembrança que tenho é de revistas -Cruzeiro e Manchete que eu já lia, ou via figuras, compulsivamente, era uma festa quando meus avós chegavam de São Paulo trazendo as revistas da semana. Quando em 1970 já morando em São Paulo, na alameda Lorena, a copa do mundo começa a ser uma festa, as pessoas se reúnem para assistir os jogos em grupos e quando acabava, o maior buzinasso pelas ruas, especialmente na minha lembrança, na rua augusta. Mas daí eu já era grande, e, de lá pra cá me lembro de todas. Não que eu me empolgasse, infelizmente acho futebol monótono e eu não consigo ficar duas horas vendo uma tv, mas acho bacana essa torcida. Patriotada ou não, pelo menos é um sentimento bacana pelo país. Houve uma época que eu adorava assistir a esses jogos, são as copas dos anos 1980, com meus filhos pequenos, assistindo no clube. A Luísa estudava na escolinha de lá, e, nós as mães (umas 15), até hoje amigas, assistíamos no bar do térreo, ou melhor, sentávamos numa grande mesa, cheia de mochilas casacos e crianças e foi nessa época que aprendi a gostar de cerveja, ai ai. Como era gostoso, que saudade dessa época. Hoje passei por aquele bar e fiquei me lembrando: a gente chegava cedo, almoçávamos lá para guardar mesa e esperar o jogo. Vinte anos depois, a mesma agitação naquele bar, mas não vi nenhuma jovem mãe com crianças pequenas, só os muitos velhinhos e muitos adolescentes. Saí de lá pensando em como as coisas mudam. Hoje todo mundo trabalha fora, pouquíssimas jovens mães podem se dar ao luxo que eu tive de poder acompanhar o tempo todo a infância dos meus filhos, e, ainda poder voltar ao trabalho depois deles grandes. Eu não canso de agradecer a Deus pelo privilégio que foi a minha vida. Não vejo a hora de poder ficar com meus netos para minhas filhas e nora poderem continuar suas carreiras. Se demorarem muito, vou adotar netos, ando meio com inveja das minhas amigas que ficam naquele mesmo parquinho e que provavelmente vão ver o jogo lá.
beijos

10 de jun. de 2010

Pessoas especiais

Um dia delicioso está acabando. Voltei agorinha do cinema. Fui com a Luisa assistir o Sex and the City, as entradas faziam parte do presente que ela me deu de dia das mães, a série completa em dvd. O filme é uma bobagem deliciosa, como não podia deixar de ser o encontro daquelas quatro divertidas amigas. Não vou falar dele porque já se falou à exaustão. É uma ode a moda, ao consumo, e, desta vez, o luxo elevado à décima potencia. Sai do cinema pensando no filme, na gostosa vida das quatro e na minha gostosa vida. Tá certo que eu reclamo, reclamo, sou rabugenta ate não poder mais. Nem sempre, aliás, faz muito tempo que não tenho um dia perfeito como o de hoje. Friozinho na medida, céu azul, uma aula de alongamento dos deuses e um almoço maravilhoso com uma amiga que gosto, mas não convivo. Ela não me surpreendeu, mas a redescobri, e agora não posso mais ficar longe. Uma mulher linda, a idade indefinida, deve ter mais de 40, mas não parece ter um dia alem de 32, chiquérrima, é uma profissional e tanto, empresária daquelas grandonas, que a gente só ouve contar, sabe que existe, mas não chega nem perto. Pois essa mulher, super bem sucedida num trabalho glamurosissimo, ainda encontra tempo para se dedicar, e como, a causas sociais. Não tem medo de enfrentar a pobreza aviltante das ruas (não vi nenhum segurança por perto, aposto que não tem. Já se meteu nos cortiços mais absurdos e tem uma bela passagem pela FEBEM,(ops, fez um belo trabalho lá) sabe como ninguém espalhar carinho para quem precisa, especialmente crianças. Ah, ela tem uma família linda de capotar, a filha de 17 anos já e tão bonita quanto ela. Então eu me pergunto: uma pessoa assim com uma vida que deve ser corrida,- negócios, trabalho, casa, beauté, dão um trabalhao, ela não podia simplesmente deixar para o poder publico a tarefa de cuidar dos que nada tem? Impostos, ela já paga, e, altíssimos. Mas ela faz mais, muito mais. E, não é só ela, por sorte e segurança nossa, ainda existem pessoas que fazem mais, muito mais do que a obrigação, nos livrando da violência que a miséria e as drogas geram, deixando que a gente ainda possa poder almoçar num restaurante bacana na rua Joaquim Antunes e ir ao cinema. Me despedi com a certeza de que pessoas assim fazem desta nossa vidinha tão curta e boba, ser uma vida especial. Sou super, mega privilegiada por te-la perto de mim.

7 de jun. de 2010

Avenida símbolo da cidade

Não sei porque a Paulista é chamada de avenida símbolo de São Paulo. Eu moro pertinho dela, mas nunca vou lá, nem de carro. Hoje comecei andar de novo, parece que minha hérnia tá quietinha. Ao invés de ir andar no clube, pista ou esteira, onde eu certamente pareceria uma tartaruga, resolvi andar sozinha pelo bairro, ainda devagar, até pegar no tranco. Como eu ouvi dizer que abriram uma loja Renner na avenida, resolvi ir por ela, além de plana, eu ia fazer um reconhecimento do bairro. Preciso trocar a bateria do meu relógio e não faço a mínima idéia de onde tem, que saudades do centro da cidade! Lá era só por o pé no calçadão que eu achava tudo que precisava. Que lugar mais sem graça que os bancos e grandes corporações inventaram de ir quando lá pelos anos 1970, abandonaram o centro. Gente mais sem imaginação, credo! Uma avenida larga, árida com muitos prédios bacanas, mas a maioria, muito feios, as fachadas sem graça, e pra piorar, com essa droga de lei da Cidade Limpa, uma senhorinha cega como eu, não enxerga as placas do outro lado da rua, resumo da ópera, passei batido pela loja que, diga-se é enorme, mas sem o charme do shopping Light. Ah! e tem mais, para atravessar tem que ser na faixa e é longe uma da outra. Não arrumei um relojoeiro nem um sapateiro nem uma costureira, lá só tem farmácias e muambas, lojas de serviços que eu procurava, necas. Daí fiquei pensando, - acho que eu sou mesmo uma mulher muuito barata. Não acho a menor graça na Avenida Paulista nem na Oscar Freire, (só do café da Cristallo) gosto mesmo é da Rua de São Bento, ela sim tem a cara da cidade, adoro quando estou no largo do Café enxergar a torre do Mosteiro lá no fundo, e quando olho pra traz, vejo a igreja de São Francisco com a Faculdade de Direito. Dois extremos maravilhosos! Se eu pudesse faria dela a rua símbolo de São Paulo e deixava a Paulista só para grandes eventos, tipo a parada que teve ontem. Mudando um pouquinho só de assunto, li ontem, acho que na nova revista da Folha, uma entrevista com o Paulo Borges, cara chiquérrimo, antenadíssimo e que sabe das coisas, falando que o bairro da Vila Olímpia é horroroso com os prédios corporativos sem personalidade. Preciso fazer um reconhecimento, afinal, nos últimos anos só andei pela Barra Funda, Bom Retiro, Luz, Pari, Glicério, Santa Cecilia e por alí perto, bairros que indiscutivelmente tem prédios e casas belíssimas mas absurdamente abandoadas e deteriorados. Uma pena.

1 de jun. de 2010

Meus atletas

Cheguei cedo para a aula de alongamento e, enquanto esperava a hora, vi os pequenininhos da ginástica olímpica da sala ao lado saindo. Fiquei ali pensando nos meus filhos que também passaram por aquela sala, com o mesmo tio Rubinho. Senti uma sensação gostosa de dever cumprido. Meus filhos foram obrigados a fazer ginástica. Não existia aqui em casa a opção " não quero" " não gosto", tinham que ir e pronto. Me lembro tão bem da Mara me contando uma conversa da Isabel com a Bia, uma dizia que ia obrigada porque precisava engordar, a outra, para emagrecer, "vai entender nossas mães." Além da ginástica olímpica eles faziam natação e essa era a maior obrigação. Sem choro nem vela, sem piscina aquecida que naqueles anos 1980 ainda não tinha e sem vestiário perto. Tenho nítida ainda a imagem do André, magro, esquálido, com um roupão azul marinho, tremendo, atravessando a piscina social para chegar no vestiário geral. Ele nunca ficou resfriado. A Isabel tinha um roupão branco debruado de azul claro, reclamava até não poder mais, conversava durante o treino, mas obedeceu e nadou até entrar para a faculdade. Estou me lembrando agora que eu dizia que enquanto eles morassem na minha casa, eram obrigados a nadar. No caso do André era ordem médica, ele era tão magrinho e pequenininho que a natação era remédio para crescer. Eles nadavam todos os dias, das oito até 10 e meia, um treino bem puxado, não sobrava tempo para aulas de inglês, mas eu achava, e, não me arrependo, que línguas se aprende em qualquer época, crescer e espichar tem um tempo certo. E eu tive razão, hoje eles são fluentes em inglês e francês. A Luísa fez o mesmo caminho, só que não obrigada, ela sempre adorou o tio Rubinho e mais ainda, as aulas de natação. Nadou até começar a trabalhar, o treino dela foi o mais puxado, eram 4 horas por dia. Não sei direito, mas acho que nadavam 6 mil metros. Adolescente, ela foi da equipe de masters tendo aulas com o Macarrão e o Newton, de quem era a queridinha. Viajou bastante para as travessias em mar aberto ou em rios. Quantas vezes ela não precisou chegar no clube noite fechada para pegar o ônibus , viajar, nadar e voltar. Era uma delícia essa convivência entre adolescentes e adultos, foi muito bom para a sua formação. E, por falar em formação, preciso dizer que devo às professoras, Bia e Denise, duas queridas "megeras" como eu as chamava, o sucesso profissional e correção de caráter dos meus filhos. Quando cada um entrava para uma boa faculdade,eu ia agradecer a elas a ajuda que me deram na educação deles. Tenho certeza absoluta que os seus caminhos  se tornaram mais fáceis  pela disciplina imposta pela natação. Bia e Denise são até hoje queridas amigas e adoradas pelos meus filhos que se divertem ao imitar o jeito delas. Tenho certeza de que meus netos também vão ser nadadores, e, tomara que seja logo.