A
campanha em São Paulo começa em meados de maio de 1994, tenho certeza disso
porque meu pai faria 70 anos no dia 10 de junho e prometi entrar de cabeça só
depois dessa data porque eu estava envolvida com a festa. Numa manhã bem cedo,
resfriadíssima e com febre, atendo a um telefonema importantíssimo, era o Miguel
Reali Junior, de partida para Contagem, em Minas Gerais. Lá aconteceria a nossa convenção que homologaria o nome do candidato. Ele
me convidava para trabalhar na campanha _ele tinha sido convidado pelo
Sergio Motta para ser o Coordenador do Programa de Governo em São Paulo e
queria que eu fosse a secretária. Tão
troncha eu estava naquela manhã, que agradeci
muito, mas recusei porque já tinha assumido o compromisso de trabalhar na
campanha de José Serra para o Senado.
Nem bem desliguei o telefone, me bate um arrependimento atroz, eu tinha
sido convidada para trabalhar na campanha presidencial e o candidato era o
Fernando Henrique! E eu agradeço e recuso - que idiota!!!! O pior é que naquela
época não existia telefone celular, tive que esperar a volta dele para
telefonar e aceitar. Na mesma semana,
minha tia Maria Helena Gregori já estava a mil por hora organizando os
primeiros passos. Minha primeira missão foi ir buscar assinaturas para um
manifesto de desagravo ao nosso candidato por causa de um artigo na `Folha de São
Paulo` escrito pelo físico Rogério Cesar Cerqueira Leite. Me lembro que a primeira
assinatura que fui buscar foi no
consultório de um médico que não consigo me lembrar o nome, em Higienópolis. Manisfesto
feito e publicado, começaram as
reuniões no escritório político
do candidato na rua dos Ingleses. Eu que convocava as pessoas por telefone,
minha especialidade, tanto que, quando ganhamos a eleição, brinquei dizendo que
queria um emprego na Telesp. É impossível descrever a emoção dessas primeiras
reuniões organizadas e conduzidas pela Ruth Cardoso, onde foram chamadas as pessoas mais próximas dos Cardoso - Lourdes Sola,
Maria Hermínia Tavares de Almeida, Juarez Brandão Lopes, Eunice Durhan, Boris
Fausto e Celina, Milton Santos, Leôncio Martins Rodrigues e muitos outros que,
nessas primeiras reuniões delinearam o esqueleto do que viria ser a proposta de
governo que foi chamada de “Mãos à Obra Brasil”. Não posso esquecer de falar da
Maria Helena Gregori, David Zilberstajn, Miguel Reali Junior e a Gilda Portugal
Gouvea, que era a Secretaria Executiva da
campanha em São Paulo. Pensando que no livro `Mãos à Obra` encontraria os nomes desses colaboradores,
fui pegá-lo. Pena que não tem,e, que pena que eu ,há alguns anos atrás, com dor no coração,
por total falta de espaço na minha casa, joguei fora todos os papéis que tinha
dessa época. No rescaldo da campanha, guardei, além das listas de presença e dos
manifestos, recadinhos e papeizinhos bobos, isto me ajudou a montar um mailing
que me fez importantíssima, toda hora me ligava algum figurão pra saber se eu
tinha o telefone de fulano ou beltrano, nessa hora me sentia a própria ministra
da Casa Civil fazendo as nomeações, hahaha! Pra não ficar muito cansativo, deixo
pra amanhã a história da procura, reforma e inauguração da casa da rua Carpina,
o nosso comitê.
9 de fev. de 2012
Mãos à obra Brasil
Estive
ontem com a Gilda Portugal Gouvêa, que elogiou muito o meu blog dizendo que eu
escrevo bem - logo eu, que nunca sei pôr as vírgulas no lugar certo, mas, como
professora é professora, não vou discutir com ela, vou é fazer um curso de português
para ex-alunos no INDAC, escola que as pessoas julgam mal, por não imaginar
a qualidade dos professores que tivemos a sorte de ter.
Nessa gostosa conversa com a Gilda, Yara Prado e outras pessoas da equipe do Ministro da Educação,
Paulo Renato de Sousa, relembramos os velhos tempos de quando nos
conhecemos naquele privilégio imenso que foi
a campanha presidencial de 1994 quando Fernando Henrique Cardoso foi eleito no
1º turno. Eu aqui só falo de campanhas e do
meu clube, mas como esse blog é lido só por quem tem paciência e gosta de mim,
acabo sendo superconfessional e repetitiva. Agora, com o aval da ministra, vou
contar as coisas de que me lembro daquela
época inesquecível. Vou contando, sem ordem cronológica e com a permissão da
minha memória já tão esclerosada.
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