Acabo de chegar da missa de sétimo dia do
meu amigo querido, Neco Sobral. Nos conhecemos em junho de 1994 no comitê de
eleição do futuro presidente Fernando Henrique Cardoso. É ainda nítida na minha memória a hora em que
fomos apresentados, apesar de muito mais moço que eu, tínhamos inúmeros amigos
em comum, sendo a Gilda Portugal Gouveia, a chefe da campanha em São Paulo, sua
melhor amiga. Nossa empatia foi imediata e no dia seguinte dessa inauguração da
casa da Rua Carpina onde era sediado o Programa de Governo que se chamou
‘‘Desperta Brasil” onde eu tive a felicidade de ajudar a secretariar, lá estava
o Neco, de mala e cuia, pronto pra ajudar em qualquer coisa. E era qualquer
coisa mesmo que a gente fazia, até varrer o comitê e pregar cartazes se fosse
preciso. Ele participava do grupo de estudos coordenado pelo Andrea Calabi
chamado Desenvolvimento, mas, muito mais do que participar desse grupo, ele
passou a fazer parte ativa da campanha e
nela se destacando pela disposição, disponibilidade e alegria. Muito rico,
tinha um Passat importado, que nós aconselhamos a trocar, não pegava bem numa campanha
política com pessoas de todas as classes sociais, um carro importado, raridade
naquela época. Pois não é que no dia seguinte ele aparece com um carrinho
popular que nem ar condicionado tinha? Ele era tão generoso e simples que se
adaptou perfeitamente, e mais, tinha seu belíssimo apartamento na Rua São Paulo
Antigo, sempre aberta a todos nós, especialmente ao grupo de jovens comandada
pelo hoje vereador Floriano Pesaro.Que tempos emocionantes, a gente sabia que
ajudávamos a escrever uma página da história que apesar de importantíssima, era
também divertida. No encerramento da campanha ele deu um jantar chiquérrimo na
sua casa para todos nós da campanha, incluídos
aí o futuro ministério e primeiro escalão do governo recém eleito e todas as
pessoas que conviveram conosco aqueles meses, a telefonista, copeira, motoristas
sem distinção nenhuma. O presidente
eleito telefona e o Neco o coloca em viva voz para que todo mundo desfrutasse daquele
agradecimento tão especial. Ajudamos
ainda a organizar os convites para a posse trabalhando até a hora de embarcar
para Brasília onde ficamos todos no mesmo hotel. Uma farra, uma emoção indescritível.
Em seguida o Neco continuou na linha de frente ajudando a montagem do governo,
imaginem que até pensaram que ele era lobista,
afinal,quem era aquele menino que não era conhecido em Brasília mas que tinha
contato e transitava entre os grandes
empresários, intelectuais e políticos desse País sem se deslumbrar pelo poder e sem querer cargo algum? Era, acreditem em
mim, idealismo puro. Sobre a carreira
política e empresarial dele, nosso amigo Raul Christiano escreveu lindamente no
seu blog: http://raul.blog.br/1933/morre-neco-sobral-quadro-tucano/comment-page-1
, Eu só consigo falar do amigo querido que não
gostava de Brasília e me telefonava toda hora se queixando de solidão, do amigo
namorador que sempre me perguntava, achando que eu conhecia todo mundo, quem
era essa ou aquela menina que ele estava interessado, ou até para me ver brava,
me amolava dizendo querer namorar a minha filha recém saída da adolescência.
Essa convivência tão feliz começa a se espaçar a partir de 2002, ano de muitas perdas,foi quando
a minha vida começou a ficar chata. A última vez que nos falamos foi para pedir
mais um favor, uma contribuição prontamente atendida, para o Projeto Equilíbrio
que cuida de meninos de rua. A dor da minha saudade eu divido com as queridas
Tininha e Gilda.
Um
dia Neco, a gente ainda se vê, cuida da gente, tá?
P.S. Essa foto foi tirada na Praça dos tres Poderes na hora da posse do Presidente Fernando Henrique Cardoso no dia 1o de janeiro de 1995
23 de jan. de 2012
19 de jan. de 2012
Chorei , chorei!!
Estávamos na Cachoeira, em férias, eu
dormindo no nosso quartão quando o madrugador André vem me acordar com a notícia terrível dada pela Marilia Gabriela na TV Mulher. Me lembro até do pijama azul
marinho que ele vestia, me lembro do susto, da esperança logo desfeita de que
fosse um engano.Que dia terrível,me vejo ainda com meu jeans beige a camiseta
listada, sentada o dia inteiro na frente da tv e chorando. Chorei muito, chorei piscinas,chorei até
ficar cansada.Naquele dia só pensava no meu amigo Binho Ópice, o maior
apaixonado por ela e me lembrava de que quando nos conhecemos, uns 10 anos
antes, ele já era o seu maios ardoroso fã. Minhas lembranças me levaram até
1965 ou 66 quando escutei pela primeira vez aquela voz insuperável, me lembrei
da capa do disco 2 na Bossa que eu ouvi tanto que até hoje sei todas as músicas
de cor, este disco foi por sorte resgatado pela Carolina Vasconcelos, numa arrumação
no escritório do seu pai, meu primo Dado. Acho que este dia não ficou marcado
só na minha memória, acho que todos da minha geração se lembram daquele dia e de
como foi que receberam a notícia. Imaginei que meu filho também se lembrasse,
mas ao telefonar para ele fiquei sabendo
que não,- ele não tem a menor lembrança e acho que só tem por ela a admiraçao
pela voz, não tem aquela paixão avassaladora
que eu sempre tive. O tempo, que é além de senhor da razão é também
cruel, fez nesses 30 anos que eu
chorasse tantas perdas que hoje, já não
consigo mais. Sinto uma dor tão terrível pela perda do Geraldo Afonso Assumpção
há 3 meses que me sinto anestesiada, sem muita vontade de nada, nem de chorar.
Ontem foi o Neco Sobral, amigo tão querido e importante na minha vida.
Também
não consegui chorar.
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